quinta-feira, 17 de maio de 2007

O provocador vestido vermelho


Annie da Silva Pais tinha tudo... filha de pai MUITO importante no regime... casou com um diplomata suiço e foi para Cuba... Cuba... Havana... aí descobre que se sente a mais na sociedade, se sente inútil... conhece "o engatatão do Che", é acusada de ser uma "idealista tonta", junta-se à revolução, é Mulher, é feliz.

Cuba... passados 40 anos onde está a sociedade idealizada por ela? O idealismo revelou-se mesmo tonto... "eu só quero ajudar a construir a sociedade"... e que sociedade construiu ela?!

Cuba Cuba... "La entraniable transparencia de tu presencia, comandante Che Guevara...", cantava Annie quande soube da morte do seu herói, do seu amado... onde está(s)? A felicidade sonhada... o idealismo tonto, a ilusão, o construir a sociedade perfeita...

Annie amava Che... e tinha um vestido vermelho provocador - com que chamou a atenção de Che - que deixou pendurado no quarto, juntamente com toda a sua vida...

Che era um revolucionário... o seu único amor era a revolução, não podia amar Annie...


E de que lhe valeu no fim? A pobreza de todo um povo...

Pergunto me o que mudaria se Che tivesse conjugado o amor por Annie com o amor pela revolução...

Pergunto me o que mudaria se Annie tivesse algum dia arrumado o vestido vermelho no guarda fatos... se nunca tivesse abandonado a sua vida...

E a pobreza de todo um povo... que trabalha para não ter nada, para ser dono de todo um país...

Che morreu precocemente... Annie também. De cancro. No peito - junto do coração...

1 comentário:

Maria disse...

Tal como Annie, também nós, por vezes damos passos maiores do que podemos dar e caímos em ilusões, sem nunca esperar que os sonhos se dissipem no ar como nuvens de fumo.

Esta história é triste mas intemporal. E reinventa-se a si mesma a cada dia que passa. Um pouco de racionalidade e lucidez ajuda a evitar que tal aconteça.