domingo, 17 de junho de 2007

A saudade...

Não importa se estás perto ou longe, o que importa é que existas para que eu possa sentir a tua falta, pois um deserto sem água, numa noite sem lua, numa terra nua, por maior que seja o desespero, nenhuma ausência é mais profunda que a tua! (Sophia de Mello Breyner Anderson)

Saber que existe alguém que nos fala ao ouvido sem sequer existir, saber que o nosso coração contacta com o mundo por um pulsar constante simétrico ao dessa «cara metade», sentir a solidão dos beijos que me dás sem saber...

Assim é a vida de alguém que se perde no sentimento mais forte que se pode ter...de alguém que de tudo querer sentir, inútil se torna, por entre o entulho que vai acumulando num coração emparcelado, que não distingue as cores dos inúmeros véus de seda que o envolvem...

Como é bom saber que se sente, mesmo sem nada sentir...O vácuo que só com o coração se preenche, este espaço abandonado pela saudade que foge de mim...esse é o meu mais tranquilo refúgio, mais perfeito porto de abrigo.

A saudade de que tenho do teus peito, do teu carinho, do teu olhar...a saudade que me faz acreditar em tudo o que de bom existe no mundo, que graças a ti descobri na plenitude dos meus, dos nossos sentimentos...

Sem água, sem lua, em desespero...sempre te alcançarei, por muito que se erga o nevoeiro. Sempre te terei em mim, porque tal como éramos, eras minha e eu teu. E assim permaneces em mim e eu em ti.

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