Incapaz de o expressar como devia, converto o que sinto nesta necessidade de pincelar um pouco este esboço que vem sendo concretizado ao longo de cinco rápidos anos, com as cores escuras que me perturbam o juízo.
Que pensamento deve dominar a mão que pinta, que ideias deve ela privilegiar? A amizade, essa encontro-a em vários planos, consoante a personagem que quer o pintor retratar. Na verdade, encontro áreas desta enorme tela em que o verde esperança se tem vindo a desvanecer, cores vivas que tendem a desaparecer, faces empalidecidas...tenho feito grandes descobertas, perdidas no sfumato que realça o passar do tempo, a imperdoável cronologia...
É um quadro em que grande parte do realismo inicial se vem, recentemente, convertendo em abstraccionismo, em mistura de tudo e de nada. Cada vez tenho por mais certa a presença constante da incerteza. É um esboço tão límpido, o que jaz sob esta turva camada de tinta...
Não sei como vos dizer isto, mas sou um pintor sem alma. Primeiro porque pinto com palavras, sendo infiel ao pincel que não sei manobrar com a perícia necessária. Segundo porque não consigo dizer-vos, a vocês que muito significam e significaram para mim, o quanto me deixam desgostoso, o quanto me espantam por se tornarem naquilo que outrora criticaram, por se deixarem corromper pela simplista futilidade. Nem sei como vos pintar nesta tela, pois que ela deve ser intemporal. E o conceito de pessoa que tinha, não consegue - tanto quanto vejo - resistir ao tempo.
O desgosto que me causam, prende-se precisamente com a mudança que não compreendo, voando entre opostos. O grande valor das minhas amizades residia nas pessoas simples que tentava conhecer. Hoje, encontro-me rodeado pela falsa sofisticação que não passa de uma capa exterior que tem tanto de falsa, que se destroi às primeiras palavras que vos ouço pronunciar.
Por último, interrogo-me sobre a forma ideal de exortar os traços novos, as surpresas que tenho encontrado e que me inspiram a dar outras cores ao quadro que pinto, novas tonalidades aos meus sentimentos. Têm sido raros estes traços, pelo que mais fácil é de os distinguir por entre a desilusão presa no pano amorfo...
Que misto incoerente ressalta nesta pintura...
É um quadro em que grande parte do realismo inicial se vem, recentemente, convertendo em abstraccionismo, em mistura de tudo e de nada. Cada vez tenho por mais certa a presença constante da incerteza. É um esboço tão límpido, o que jaz sob esta turva camada de tinta...
Não sei como vos dizer isto, mas sou um pintor sem alma. Primeiro porque pinto com palavras, sendo infiel ao pincel que não sei manobrar com a perícia necessária. Segundo porque não consigo dizer-vos, a vocês que muito significam e significaram para mim, o quanto me deixam desgostoso, o quanto me espantam por se tornarem naquilo que outrora criticaram, por se deixarem corromper pela simplista futilidade. Nem sei como vos pintar nesta tela, pois que ela deve ser intemporal. E o conceito de pessoa que tinha, não consegue - tanto quanto vejo - resistir ao tempo.
O desgosto que me causam, prende-se precisamente com a mudança que não compreendo, voando entre opostos. O grande valor das minhas amizades residia nas pessoas simples que tentava conhecer. Hoje, encontro-me rodeado pela falsa sofisticação que não passa de uma capa exterior que tem tanto de falsa, que se destroi às primeiras palavras que vos ouço pronunciar.
Por último, interrogo-me sobre a forma ideal de exortar os traços novos, as surpresas que tenho encontrado e que me inspiram a dar outras cores ao quadro que pinto, novas tonalidades aos meus sentimentos. Têm sido raros estes traços, pelo que mais fácil é de os distinguir por entre a desilusão presa no pano amorfo...
Que misto incoerente ressalta nesta pintura...
...não menos incoerente é a minha vida.
Vida em que penso conhecer quem, afinal, não conheço.
Vida em que me deixo enganar por golpes de vista escancarados.
Vida em que me rebaixo às pequenas insignificâncias que figuram nas minhas relações mais pessoais.
Pergunto onde anda a razão de ser de tudo.
Pergunto onde começa a minha falácia.
Por que motivo abunda o erro e escasseiam as boas pessoas?
Duvido de mim, nesta incapacidade de ter critérios.
Mas nada mais resta senão reconhecer a subjectividade que me prende ao desgosto, nada mais resta senão reconhecer o pouco de bom que encontro em alguns de vocês...
Vida em que penso conhecer quem, afinal, não conheço.
Vida em que me deixo enganar por golpes de vista escancarados.
Vida em que me rebaixo às pequenas insignificâncias que figuram nas minhas relações mais pessoais.
Pergunto onde anda a razão de ser de tudo.
Pergunto onde começa a minha falácia.
Por que motivo abunda o erro e escasseiam as boas pessoas?
Duvido de mim, nesta incapacidade de ter critérios.
Mas nada mais resta senão reconhecer a subjectividade que me prende ao desgosto, nada mais resta senão reconhecer o pouco de bom que encontro em alguns de vocês...