sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Alegações Finais...

Com a devida vénia,
Sr Dr Juiz, Sr Procurador, Ilustre Colega e Demais Presentes
Numa tarde ha muitos anos, tinha eu 5 anos, vou ao meu quintal e encontro o meu cão com um coelho na boca. Esse coelho era o coelho dos meus vizinhos do lado. Em pânico, e na minha inocência juvenil, pego no coelho e pu-lo dentro da gaiola dele, sem que ninguém reparasse. Tudo se passou tranquilamente. Passado uns dias os meus pais têm uma conversa comigo. Falam da insegurança que se começava a viver naquela altura e contaram-me que o coelho dos vizinhos tinha morrido e que eles o enterraram no jardim. Depois, um maluco tinha desenterrado o coelho e posto outra vez na gaiola.
Desde essa altura que achei que a minha vocação era a justiça. O arguido, aqui presente, meu irmão, tinha na altura um ano. A sua vida alterou-se radicalmente.
Ao contrário de mim, é uma pessoa socialmente integrada, lê revistas cor de rosa e vai às festas do Jet7. Dá-se bem com pessoas tão essenciais ao desenvolvimento deste país como a Isabel Figueira ou o Albano Jerónimo, com quem, aliás, almoça diariamente. Tem um emprego que lhe permite passar o dia inteiro a jogar computador. Possui um bom carro, pago pelo avô, sem este saber, aquando da sua estadia no hospital, de onde veio a sair há coisa de 4 meses, morto. É uma pessoa da classe média alta, que todos os dias tem o pequeno almoço na cama, trazido pelo pai, pessoa já idosa, que todos os dias se levanta às 6h30 da manhã, cerca de duas horas antes de ter de se levantar para ir para o trabalho, para lho fazer e levar à cama. Quando se deita, tem també, diariamente, uma peça de fruta descascada e partida, além de uma garrafa de leite com chocolate aberta, com uma palhinha.
Assim, face ao supra exposto, não olvidando o trauma que sofreu com a história do coelho, quando tinha apenas um ano e que se terá passado com a irmã, não esquecendo também que o arguido é um princípe, tratado de acordo com a sua condição social, vem a defesa pedir pela sua absolvição.
E com certeza este tribunal fará a justiça que lhe é costume.

2 comentários:

Anónimo disse...

Que mordaz que estamos hoje! Eu não queria estar no lugar do Ilustre Colega que terá que alegar em defesa do príncipe. Mas conta lá, o que é ele fez desta vez?

Tendo em atenção que almoçar com o Albano Jerónimo merece uma atenuação especialíssima! :P

Bjs

Maria disse...

hmmm...seu o meu irmao fosse assim...n seria tao calma qt tu!! disse podes ter a certeza.

a unica coisa boa...é q realmente podias ir almoçar c ele e o albano jeronimo ;o)