Ai, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que farias tu com ela?
— Tirava os brincos do prego,
Casava c'um homem cego
E ia morar para a Estrela.
Mas, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que diria tua mãe?
— (Ela conhece-me a fundo.)
Que há muito parvo no mundo,
E que eras parvo também.
E, Margarida,
Se eu te desse a minha vida
No sentido de morrer?
— Eu iria ao teu enterro,
Mas achava que era um erro
Querer amar sem viver.
Mas, Margarida,
Se este dar-te a minha vida
Não fosse senão poesia?
— Então, filho, nada feito.
Fica tudo sem efeito.
Nesta casa não se fia.
(Cristina Branco, Ai Margarida)
Se calhar até me podias cantar ao ouvido... ou não... enquanto isso eu ficava em silêncio a arder no gelo dos teus olhos verdes... era Primavera na mais densa noite de Inverno.. enquanto chuvia na rua lá fora, borboletas voavam na barriga.... cá dentro...
e depois... depois...
O silêncio do Bairro, a madrugada escura, a chuva miudinha... e nós debaixo de um candeeiro, abraçados. Sem tempo. Aconteceu...
Se me desses a tua vida... não sei... logo se via =)
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